domingo, 27 de novembro de 2011

"... vou on-line, digital, etc e tal."

Há um tempo atrás tive alguns problemas pra me relacionar com pessoas, mais do que eu julgava normal. Não sou alguém que se esconde de tudo e todos e não acho que o mundo é composto por gente que não vale a pena e que tem nada a dizer. Mas aos moldes sociais as pessoas me traçariam como um sujeito anti-social. E também não vou dizer que não sou, não gosto de gente que não me acrescenta nada. Não gosto de estar com pessoas que por algum motivo me fazem ficar na defensiva e se pudesse, nunca mais as encontraria. Estar com desconhecidos é sempre uma tortura. Não odeio pessoas, apenas gosto só de estar com quem me sinto bem. Sempre fui assim, mas quem me conhece há muito tempo sabe isso acaba com o tempo e que sou só aquele cara da música do Marcelo Camelo interpretada pela Maria Rita. E essas pessoas só sabem disso porquê preferiram entender meu jeito à julgar que sou alguém que não gosta de se miturar com outras a não ser com os meus. Brinco até que esse meu "defeito" separa bem aqueles amigos que não me julgam à toa e dão chance ao tempo e à convivência pra que fique claro que não é que não quero ninguém por perto, simplesmente tenho minhas dificuldades que às vezes não são muito claras. Esse meu jeito nunca foi problema e como disse, até aprendí a ver com bons olhos e usar de forma positiva isso tudo. A índole oriental, a criação do pai que é um grande homem mas que é muito calado e introspectivo. A falta dos irmãos quando ainda formava a minha personalidade. Até brinco, tenho todos os defeitos de um filho único, sem sê-lo. Tenho irmãos mas nunca aprendí a ter. E nessas auto análises vou justificando meu jeito no defeito.

Eu nunca gostei de definições para o jeito das pessoas, sobretudo sobre a minha pessoa. Sou avesso ao Caetano mas sou muito "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é". Eu simplesmente, era assim. Até entrar num consultório psiquiátrico e sair de lá com o diagnóstico que explicaria eu estar praticamente parando de funcionar no trabalho porquê estava ficando com medo de gente e cada vez mais me afastando das pessoas que conheço e gosto, nas mãos; receita para dois remédios, um anti-psicótico e um outro pra regular minha ansiedade. Aquela senhora, do alto do seus estudos e com seu manual de boa convivência disse: Fobia-social.

Ela me perguntou se eu tinha alguma ideia de quando foi que agravou a situação, quando foi que eu decidi que deveria buscar ajuda porque a coisa toda estava atrapalhando a minha vida. Eu não soube responder porque pra mim esses fantasmas sempre estiveram comigo.

Mas com o tempo, nas minhas auto-análises, posso afirmar com certeza tão firme quanto um prego na areia: o que ajudou agravar tudo isso foi o meu amor ao mundo não real. Essa vida meio MATRIX que é a vida on-line. Isso do meu ponto de vista, que não tem que ser levado em consideração, pois o fóbico sou eu. Mas o calor humano das relações sociais foi substituído por essa minha fascinação por esse mundo de códigos binários que considero mágica, a ponto de esquecer que magia, na verdade, só se faz ao lado de pessoas reais. Olho no olho.

E tudo isso pra explicar a minha sensação indescritível e o tapa na cara que levei há uns minutos atrás, ao assistir este vídeo:


Talvez o vídeo não te cause nada, sinta-se feliz por isso. Mas se causar... Talvez seja hora de dar uma olhadinha no mundo lá fora, antes que você o julgue desnecessário, como eu julguei.