terça-feira, 26 de maio de 2009

Os rótulos dos instintos: paixão.

Doloroso seria se fosse demorar mais pra sair de dentro do peito, mas já é quase nada. É bom quando a coisa vem pra dentro da gente tão rápido, ruim é quando não é gostoso que ela permaneça dentro. Ruim simplesmente porque não acontece da forma que a gente quer, aí eu fico querendo crer que essas coisas que fazem perder a razão sejam simples reações corporais, sabe? Dessas reações que dão no cérebro. Fico imaginando aquela coisa metódica pra dar resposta ao que me aconteceu: um quadro negro e alguém explicando que isso tudo é simplesmente dopamina sendo liberada, somente meu instinto de perpetuar a espécie saindo pelas entranhas, e o homem, com essa capacidade e essa mania estranha de dar poesia e rotular as coisas, chamou de paixão. Eu me esforço pra não levar esse metodismo ao coração, porque essa verdade metódica pode até ser o melhor remédio para as paixonites da vida, mas está longe de ser a exatidão mais bonita. E eu quero sempre o mais belo, mesmo que sozinho e com graça nenhuma.