quinta-feira, 2 de julho de 2009

Onde a obrigatoriedade encontraria a censura.

Pelo que me consta, num rápido bizú no Google, o Brasil é um dos poucos países que fazem tal exigência sobre a obrigatoriedade do diploma para jornalistas, o que não faz os noticiários desse país serem melhores que os de outros países. Talvez o diploma até se faça necessário nos cafundós do Zimbábue, no Irã e no cercadinho da Bomba H do norte-coreano-louco, por puro controle da verdade dos fatos - o que muitas vezes não acontece, é interessante pra quem quer controlar, mas na democracia da putaria Brasileira, a obrigatoriedade existe por quê? Num outro rápido Bizú no google vi que o decreto-lei impondo a obrigatoriedade do diploma foi baixado há 30 anos pelo regime militar e é ítem nos Atos institucionais (AI-5 e o resto) e isso explica muita coisa: quanto menos gente execendo a profissão de jornalista durante o regime, mais fácil o controle sobre o que é noticiado, sendo o mais chulo e realista possível: militares cercando e marcando os bois. E aí fica fácil de entender o porquê a obrigatoriedade fere os direitos da liberdade de expressão.

Eu, que nada tenho com isso, logo me ocorreu um foda-se e uma leve lembrança do livro "Fomos maus alunos" de Gilberto Dimeinstein e Rubem Alves, presente da ex-namorada e que li no Japão, e que me ajudou a formular uma idéia que já existia em mim: o quão desnecessário são diplomas e essas coisas palpáveis sem o fator amor e talento ao que se faz. A faculdade de jornalismo forma poucos empregados e muitas vezes só te vende um diploma, mas amor e talento certamente é mais fácil nascer através daqueles gibis da Turma da Mônica que o bom jornalista lia quando criança do que dentro de uma faculdade. A faculdade sempre vai estar lá e conhecimento nunca é demais, mas obrigar a tal coisa é sim, ferir um direito de todos. Que é o direito de pensar e externar. Direito que uso neste meu espaço virtual com o mesmo carinho que minha mãe cuida de suas orquídeas, é aí que meu caminho se cruza com esse lance de diploma. Explico o motivo.

Existe um Senador filho da puta - desculpem a redundância - chamado Eduardo Azeredo que tem um projeto no senado com leis completamente absurdas e impraticáveis para a internet. Com a desculpa de coibir crimes virtuais e usando o tema pedofilia para ganhar peso no projeto, ele segue com tal idéia. As leis impostas no tal projeto são chamadas pelo pessoal dos blogs como o AI-5 digital, numa alusão aos decretos impostos pelo regime militar. O projeto absurdo se resume em dados pessoais precisos de qualquer cidadão que possa acessar a internet, banco de dados com informações a cada clique e uma idéia absurda sobre a troca de arquivos via internet, absurda e impraticável. Acredite, você teria problemas e burocracias mil simplesmente ao mandar uma simples foto sua via e-mail seja lá pra quem fosse. Passando um pano por cima, o projeto só transformaria este veículo das milhões de possibilidades que é a internet numa coisa tão útil para nossos cérebros quanto a televisão da sua sala. Eu até diria que o senador Eduardo Azeredo é só um simples ignorante de boas intenções, diria sim, mas se não houvessem por trás dos projetos dele, magnatas dos direitos autorais e grandes empresas de informática, soa no mínimo suspeito. Simplificando mais, é como se grampeassem todos os telefones pra evitar crimes. Ou seja, a típica manobra burra de governo que não tem competência e não cuida dos filhos seus, algo do tipo: "quem usa drogas é quem financia o tráfico" - ridículo, é como dizer que pra acabar com a aids, basta parar de transar. Eu nunca ví campanha na TV dizendo: "Campanha por um governo melhor, que educa e dá condições intelectuais pra que o povo não precise traficar pra ter o que comer" Mas não, é mais fácil a puta jogar a culpa nos filhos dela. Talvez o Senador não perceba que o mesmo cara que trafica por necessidade é o brutamontes que dá tapa na cara da mãe na frente do filho, criando um adulto problemático capaz de molestar crianças. O governo é que fabrica traficantes, o usuário tem culpa nenhuma. E pais indignados e desprovidos de um intelecto melhor que são fábricas de pedófilos. Mas o senador diz que a culpa é da internet.

E visto que, os blogs da vida são fontes cada vez mais sérias e seguras de informação, não demoraria nada pra incluírem um ítem no apelidado AI-5 digital de Azeredo, proibindo os pobres mortais sem quadrinho com diploma de jornalista na parede, de expor suas próprias idéias e informações através de blogs. É a censura disfarçada deixando de existir só na Televisão e tentando invadir, com passos de quem não quer nada, este espaço que é o único realmente democrático que nos é permitido. Ainda.

Pra entender melhor:



Eu tenho um egoísmo ridículo que sei que é apenas reflexo de um sistema furado e sem jeito que é o Brasil, não levantaria a bandeira por nada contra governo nenhum simplesmente porquê tenho preguiça dessas coisas, eu faço parte da geração que aprendeu que nada funciona e nunca vai funcionar honestamente quando o assunto é política. Morando fora eu ví que no Brasil desonestidade na política é cultural e o povo quer mesmo é samba e futebol. Eu sou da geração sem esperanças, chame como quiser, não ligo balhufas pra política e não, não adianta me criticar porquê a culpa não é minha. Mas sou da geração que aprendeu mais na internet do que na escola ou faculdade e por essa causa eu até bancaria o chinês na frente de um tanque na praça da paz. Com certeza.