quarta-feira, 29 de abril de 2009

"Quantos defeitos sanados com o tempo..."

A verdade é que eu tenho saudade dos meus defeitos infantís, que só são defeitos por não se encaixarem na lógica de operação da sociedade em que vivo. Saudade de achar que o problema são os outros, que carnaval é uma merda, que a vida seria muito mais interessante se fizéssemos o que desse na telha. Saudade de pensar só em mim e quando for dormir, usar meu próprio ego como travesseiro. Isso mesmo.

Sorrir em meio as relações sociais é sempre uma batalha, a diferença de hoje dos tempos em que sinto saudade, é que hoje eu sustento um sorriso social besta na cara, que talvez nem seja meu. Hoje eu fiquei umas 4 horas com uma cliente, vou adorar ver o sorriso no rosto dela depois que terminar de compor o vídeo que ela me pediu, e o processo todo de composição também me é prazer. Mas a vida vai ficando amarga com o tempo e no pacote dos prazeres a danada sempre há de colocar algo desagradável, o cliente vem junto. Era uma mulher simpática, legal. Mas eu não sei o motivo que faz com que eu não sinta a menor necessidade de ser o mesmo com ela, mas eu fui, mesmo sem essa necessidade. E a saudade é dos tempos em que eu só era algo, se fosse com naturalidade. Ah, quem dera de volta a minha imaturidade. Pois toda imaturidade é natural, e toda responsabilidade é uma necessidade do meio em que vivemos, e não uma necessidade nossa. Percebe quanto o mundo vai ficando feio à medida que crescemos? Caminhamos ao não natural das relações que nos rodeiam. Caminhamos a grandes responsabilidades.

É claro que sinto saudades da minha rebeldia em não aceitar as pequenas coisas desagradáveis da vida, mas também é claro, muito claro, que se rebelando ou aceitando, sempre haverá descontentamento, com ou sem responsabilidades. É o que a vida ensina. E hoje, pelo menos por hoje, eu não quero escrever a ninguém para prestar atenção só às coisas belas da vida. Porquê este é um post nostálgico aos tempos do meu antigo "foda-se", que eram muito mais foda-se que o dos dias de hoje. Um post em homenagem aos antigos e belos defeitos curados e um brinde à imaturidade.

Bons tempos aqueles.